A grande desaceleração
A revista britânica The Economisth é ótima em “fotografar” momentos importantes da história, mas péssima em analisar tendências de longo prazo. Sua última capa, que mostra a desaceleração dos BRICs, é um choque de realidade em suas otimistas análises anteriores. Já comentamos aqui algumas de suas capas. Vamos relembrar.
Em 2009, a revista publicou uma análise excessivamente otimista do Brasil, ilustrando sua capa com a imagem do Cristo Redentor decolando. Apesar do equívoco, a reportagem teve dois grandes méritos: 1) desmistificar o ufanismo lulista que atribuía a si todos os méritos do bom momento do Brasil, valorizando as reformas anteriores ao governo Lula; 2) apontar arrogância de Lula como um dos principais problemas do país, ao promover a radicalização política e impedir o verdadeiro debate que deveria ser tratado nas eleições, que seria a qualidade e a sustentabilidade do nosso crescimento nos próximos anos. Neste caso, a revista acertou em cheio, pois foi exatamente o que aconteceu.
Em 2010, a revista publicou mais uma capa otimista sobre a América Latina, com uma análise parecida com a anterior, apontando o boom dos preços das commodites como a principal alavanca do crescimento da região, o que possibilitou uma sensível redução da pobreza da região e uma maior resistência às crises. Claro que o boom das commodities não iria durar para sempre, mas pelo menos em relação à América Latina a revista até que não errou tanto, afinal, com exceção dos países que mais mergulharam no populismo, como Venezuela e Argentina, de um modo geral a América Latina aproveitou melhor a década passada. O link do nosso site com os comentários sobre as duas capas pode ser lido aqui.
Em 2012 , a revista apontava o novo “capitalismo de estado” dos BRICs como uma suposta alternativa ao capitalismo de livre mercado. Ou seja, mais uma vez a revista deixou-se levar pelo sucesso momentâneo sem olhar para o longo prazo. Nosso post sobre o assunto pode ser lido aqui.
Portanto, a “fotografia” atual da revista, que mostra a desaceleração também dos BRICs é de certa forma uma correção de rota. Uma capa mais realista, que de certa forma coloca um contraponto ao otimismo em relação a tais países em anos anteriores. A ilustração é melhor que a reportagem. Ela mostra a China bem à frente dos demais, mas já começando e pisar em lama; a Rússia ainda em pé, mas já enrolada; a Índia afundando na lama, mas ainda com os braços livres; e por fim o Brasil, com braços e pernas afundados na lama. Leia mais
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